A capacidade do homem de inventar, de criar ficções, de imaginar coisas e crer coletivamente nelas, tudo isso está presente em “Ficções”, espetáculo que terá três sessões no Teatro Goiânia, nos dias 8, 9 e 10 de novembro.
“É uma peça que nos faz pensar sobre a condição humana”, resume Vera Holtz. A atriz leva ao palco um homo sapiens feminino, dentro da adaptação do livro “Sapiens – uma breve história da humanidade”, do professor e filósofo Yuval Noah Harari. O best seller é o ponto de partida do espetáculo.
“Buscamos outra forma de falar sobre esse sistema de crenças e capacidade incrível que temos de inventar histórias e acreditar coletivamente nelas. Com a mulher ocupando espaços com um discurso feminino diferenciado, o diretor não via sentido fazer com um homo sapiens masculino”, explica Vera Holtz.
O monólogo, idealizado pelo produtor Felipe Heráclito Lima e escrito e encenado por Rodrigo Portella, marca o retorno de Vera aos palcos depois de três anos. E não é qualquer retorno. Indicada ao Prêmio Shell como melhor atriz pela atuação na peça, Vera se desdobra em personagens, canta, improvisa, conversa, brinca e instiga a plateia, interage com o músico Federico Puppi – autor e performer da trilha sonora original, com quem divide o palco.
“O desafio é essa ciranda de personagens, que vai provocando, atiçando o espectador. Não se pode cristalizar, tem que estar o tempo todo oxigenada”, afirma a atriz. Portella concorda: “É um espetáculo íntimo. Quem for lá vai se conectar com a Vera, ela está muito próxima, tem uma relação muito direta com o espectador”.
Instigado pelas questões trazidas pelo livro e pela inevitável analogia com as artes cênicas – por sua capacidade de criar mundos e narrativas –Portella criou um jogo teatral em que a todo momento o espectador é lembrado sobre a ficção ali encenada: “Um dos principais objetivos é explorar o sentido de ficção em diversas direções, conectando as realidades criadas pela humanidade com o próprio acontecimento teatral”, resume.
A estrutura narrativa foi outro ponto determinante no propósito do espetáculo. “Eu queria fazer uma peça que fosse espatifada, não é aquela montagem que é uma história, que pega na mão do espectador e o leva no caminho da fábula. Quis ir por um caminho onde o espectador é convidado, provocado a construir essa peça com a gente. É uma espécie de jam session. É uma performance em construção, Vera e Federico brincam com tudo, com os cenários, tem uma coisa meio in progress”, descreve.
Um desafio e tanto para segurar no palco que rendeu a Vera a escolha de melhor atriz no Prêmio Shell. Conforme ela, a atuação teve uma construção cercada e bem protegida, com inúmeras trocas de email com o diretor, bate-papos online e leituras abertas. “Foi um processo ágil, no qual fomos muito bem protegidos, com preparação de voz e de corpo por uma equipe profissional bem próxima”.
Sobre o sucesso da peça, Vera garante que foi uma surpresa. “É uma obra densa que teve de ser redimensionada para uma linguagem de palco. Quando você começa o processo de fazer uma adaptação, uma teatralização, você não cria muita expectativa. Mas ficamos muito motivados e o resultado só se completa com a presença do público, que é quem escolhe a obra”.
Presença feminina – Além de Vera Holtz, o feminino está presente na peça desde a concepção. A criação do espetáculo contou com a interlocução dramatúrgica de três mulheres: Bianca Ramoneda, Milla Fernandez e Miwa Yanagizawa. “Eram três mulheres provocando o diretor sobre o olhar da mulher”, explica a atriz. “Mesmo sem colaborar diretamente no texto, elas foram acompanhando, balizando a minha criação. Foram conversas que me ajudaram a alinhar a direção e o caminho que daria para o espetáculo”, finaliza Portella.
Serviço:
Vera Holtz em Ficções
Local: Teatro Goiânia
Datas e Horários: 8/11 (sex) e 9/11 (sáb), às 20h30 e 10/11 (dom), às 18h
Ingressos:
Plateia Inferior e Superior: R$160 / R$80
Ingresso solidário: R$120
Ingresso com desconto para Comerciário do Sesc: R$60
Ingresso popular: R$42 / R$21
Classificação: 12 anos
Duração: 80 minutos
Deixe um comentário